A cena se repete em muitos lares: pacotes de brinquedos espalhados pelo chão, quartos reformados, viagens internacionais documentadas em redes sociais — tudo isso mostrado por influenciadores mirins cuja vida parece um verdadeiro conto de fadas. Recebidinhos e prêmios distribuídos por marcas tornam-se, para crianças, a norma a ser imitada, mas representam apenas a ponta de um mercado bilionário que escapa ao olhar dos pequenos.
Este conteúdo é uma parceria entre Contente e Instituto Alana.
Os novos “super‑heróis”?
Para muitas crianças, influenciadores — especialmente os mirins — são vistos como heróis modernos. Com apresentadores que recebem produtos “de graça”, participam de viagens incríveis e ostentam fama precoce, eles sustentam a ilusão de que qualquer sonho está ao alcance. Na realidade, esses perfis fazem parte de uma indústria publicitária cuidadosamente orquestrada, que mobiliza marcas e agências para criar narrativas de sucesso acessível apenas a quem participa desse circuito.
A comparação e o ciclo do “quero mais”
Quando as crianças assistem a esses vídeos, nasce o impulso de replicar aquele estilo de vida. Um estudo da Common Sense Media mostrou que crianças expostas a influenciadores têm maior probabilidade de desejar — e muitas vezes receber — os brinquedos, roupas e experiências promovidos online. Essa dinâmica alimenta um consumismo exacerbado em famílias que, na prática, não têm condições de acompanhar o ritmo de aquisição apresentado nas telas.
“As referências midiáticas se tornam a paisagem da infância…”
Elisa Lunardi, educadora e idealizadora do movimento Infância sem Excesso, alerta para o impacto disso no desenvolvimento:
Influenciadores mirins são exceção, não regra
Por trás da câmera, existe uma máquina de marketing infantil em expansão: segundo a Market Research Future, o mercado global de marketing voltado para crianças deve alcançar US$ 21 bilhões até 2026, com grande parte desse volume movimentado por mini influencers. Essa estrutura, porém, permanece invisível aos pequenos espectadores, que veem apenas a superfície de um estilo de vida extraordinário e acabam moldando suas expectativas a partir de uma realidade inatingível.
Quando o “não” vira conversa necessária
Limitar o tempo de tela e definir regras de consumo requer persistência e acolhimento. Como explica Maya Eigenmann, neuropedagoga e educadora parental,
O que fazer a partir daqui?
Elisa Lunardi lembra que mudanças simples podem transformar a experiência cotidiana:
Bem‑vindo de volta, tijolão
Além de estabelecer limites, é possível oferecer alternativas práticas de comunicação. De acordo com Maya Eigenmann,
Influenciadores mirins seguirão ativos nos feeds, mas cabe a adultos e educadores construir um ambiente em que o ter não ofusque o ser, e em que a infância seja vivida entre a imaginação e o afeto — não sob o peso de uma pilha de presentes.
#ainfânciaqueagentequer